Hey!!! I'mmm back. As férias acabaram, e é altura de começar a trabalhar e partilhar mais e mais coisas convosco.
O post de hoje é, talvez, o mais pessoal de todos. Sei que digo isto em todos os outros, mas nunca tive tanta dificuldade e medo na minha vida para escrever e partilhar algo convosco. Não sei como me estou a sentir neste momento. A little bit nervous. A little bit anxious. É a primeira vez que o estou a dizer (if u know what i mean). Faz hoje dois anos (25/02/2016) que a coisa mais importante da minha vida aconteceu. Óbvio que muitas mais coisas aconteceram, mas nenhuma delas teve o impacto que esta teve.
Devem estar a perguntar o porquê de eu escrever isto tendo em conta que todos sabem e podem ler sobre o assunto em quase todos os posts do blog. Eu não o estou a fazer só por mim, mas por aqueles que talvez precisem de um empurrão ou que não sabem como o fazer. Estou a fazê-lo porque é uma data importante que quero recordar e celebrar todos os anos, porque é como se eu tivesse nascido de novo. Vou tentar ser o mais breve possível sobre o assunto.
É assustador estar a fazer isto de novo. É assustador estar a fazê-lo para o mundo. É assustador pelo simples facto de existirem pessoas que não me conseguem a aceitar a mim ou aos que são iguais a mim. É assustador porque eles nos vão criticar. Quando pensei em escrever este post, prometi a mim mesmo que ele ia ser positivo. Não quero que haja uma vibe negativa à volta de algo que é tão importante para mim... So let's get into it
Eu sou gay. E tenho orgulho nisso. Demorou muito tempo até eu conseguir dizer essas palavrinhas que, para alguns de vocês, podem parecer muito simples.
Ainda me lembro do dia em que disse às minhas melhores amigas (Ana, Cristiana, Inês e Sara) que eu era um pouco diferente dos outros rapazes. Eu era um rapaz que gostava de rapazes. Quando aquelas palavras, ou neste caso letras, saíram da minha boca foi como se um peso tivesse saído de cima de mim. Imaginem carregar uma pedra toda a vossa vida e de repente um bocado dela desaparecer! É essa a sensação de sair do armário. É a mesma coisa que terem guardado uma mentira toda a vossa vida, mas a uma determinada altura decidem contar a verdade. Ironicamente, isso também se relaciona com sair do armário, porque durante anos nós vivemos algo que não somos. Porque temos medo, porque não sabemos como dizer-lo.
Algo que já me perguntaram muitas vezes é "como é?" e "como tem sido?". São questões difíceis de responder. Muita coisa muda. Umas para melhor, outras para pior. Uma das coisas que, sem dúvida, mudou para melhor foi a relação que tinha com as minhas primas e com as minhas amigas. Nós já éramos próximos, mas depois desse dia quase que pertencíamos ao mesmo corpo. Como costumamos dizer "Gostamos todos do mesmo. Gostamos todos de pila" (sorry for that). A cada dia que passava as nossas relações iam-se tornando melhores e melhores e acaba por ser algo que nos une. Não só porque elas me apoiam, mas porque foram as primeiras pessoas a quem contei. E tenho que lhes agradecer por terem sido as primeiras pessoas. Elas foram as únicas pessoas que estiveram lá para mim, all day, every day. Desde aturar as minhas choradeiras até ao ponto de quererem enfrentar aqueles que ... y'all know. Não sei o que seria sem elas, for real. Ly bitches.
Tal como disse, outras coisas mudaram para pior. Houve uma altura na minha vida em que acabei por me fechar em mim mesmo e afastar da minha própria família, porque tinha medo do que estava para vir. E até hoje ainda falta falar sobre isso com muita gente, mas I don't have to do it cause it's my life. A relação com a minha mãe foi das coisas que provavelmente mais mudei, mas falamos disso daqui a bocado. Perdi alguns amigos por ser gay. Não que esteja arrependido, cause I really don't care, mas é algo que nos faz perceber quem realmente gosta de nós e faz parte da coming out experience. Relações com rapazes também foram por água abaixo.
A verdade é que sempre me dei melhor com raparigas do que com rapazes, mas sempre quis ser amigo deles. Sempre quis poder dizer que pertencia ao grupo X. Eu tentei. Tentei mudar-me a mim mesmo para poder ser aceite por eles. Fiz de tudo para que não se rissem de mim. Tentei ser hétero. Como devem ter percebido não resultou e deixei de ter amigos que fossem rapazes. Só uma pessoa até hoje é que teve esse título and we don't talk anymore. De forma simples e rápida cansei-me de dar oportunidades a rapazes e decidi afastar-me deles porque não queria estar sempre a ouvir piadas sobre mim. Também me afastei deles porque não queria gostar deles. I'm sure it happened to a lot of you.
Voltando às coisas boas... Sair do armário ou ser apenas ser gay deu-me a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas. A Ana, a Paula, o Miguel, a Irís, a Rafa e muito mais gente. É óbvio que os poderia ter conhecido sem ser pela minha orientação sexual, mas o facto de pertencermos todos à mesma comunidade fez com que as nossas relações se tornassem mais especiais.
Aprender novas coisas sobre mim e sobre o mundo foi outra das vantagens. Acho que se não fosse gay ou wtv I am, não seria tão open minded. Não me importaria tanto com questões que envolvem pessoas, you know what I mean. Ser gay trouxe-me a vantagem de ver o mundo de outra forma e poder mostrá-la aos outros. I'm glad I can do it.
Outra coisa que é importante referir é que sair do armário não é uma one time thing. Vai acontecer muitas, mas mesmo muitas vezes durante a vida. Por um lado é triste, pois significa que ainda tenho de dizer às pessoas o que sou e correr o risco de não ser aceite por isso, mas por outro I don't mind porque estou orgulhoso de mim e do que sou. Por vezes vai ser fácil sair do armário e vais sentir-te ótimo por fazê-lo. Por vezes vai ser mau. Vais sentir-te "doente", com medo... e isso é normal.
Sair do armário é como começar uma nova vida. Literalmente nasce uma nova pessoa. Somos obrigados a esconder sentimentos e o que somos. Tentamos mudar que somos, porque também não entendemos o que se está a passar. E ouvir " isso é so uma fase" não ajuda, at all. Tal como " eu já sabia", " sempre soube que eras gay", "só eras amigo de meninas"... I mean!!! Tudo isto é desnecessário. So learn with me and never but never say this to someone who just came out. Just support them and love them. (o parecer e não parecer gay está relacionado com a questão da visibilidade... I talk about it in June).
Other thing. é importante salientar que as pessoas mudam e as coisas dentro delas também. Hoje posso ser gay e quem sabe se daqui a 5 anos não sou queer, ou pan. We don't know. Não é uma fase. É apenas algo que acontece. Ficarmos agarrados ou casarmos com algo que dissemos ou fazemos hoje e nos mantivermos com isso até ao fim da nossa vida, pode ser bastante perigoso. So just do you at anytime, as you want. Não sabemos o que vamos ser no futuro. Eu não sei o que vou ser no futuro. Por isso agora quero aproveitar e viver a vida que não tive oportunidade de viver quando estava fechado "dentro do armário".
Outra pergunta que por vezes me fazem é "Como é que soubeste"... Again, é difícil de responder. Não há uma resposta certa. Cada um tem a sua experiência. Não existem instruções para ser lgbt ou não. De nenhuma forma a tua experiência está errada e a forma como descobriste te vai fazer mais ou menos boa pessoa. Algumas pessoas sabem desde criança, como eu, e outras demoram tempo, muito tempo, até perceberem o que realmente são. And that's okay too. Não somos obrigados a saber tudo. É para isso que a vida serve. Aprender cada vez mais sobre nós.
Eu sabia desde pequeno que era diferente dos outros. Na minha cabeça existia uma voz que dizia que havia algo de errado comigo. Eu olhava para os rapazes de uma forma diferente. Olhava para eles como uma rapariga olha, if you know what I mean. Até ao meu 9º ano tentei ignorar isso e seguir com a minha vida, sendo um rapaz normal. Tentado sentir algo por raparigas, mentindo a mim mesmo sobre aquilo que sentia. And that's okay too, porque agora eu sei o que sou, sei o que gosto e não gosto e não preciso de mentir mais.
Ao longo da tua jornada vão haver pessoas que te vão odiar por seres quem é. Vais-te sentir mal e vais deixar de fazer muita coisa. Eu por exemplo, deixei de usar os balneários da escola, deixei de pertencer a uma religião, etc. Tentei fazer de tudo para ser feliz. Ignorar aqueles que por razão nenhuma não conseguiam gostar de mim. Mas se és religioso that is okay. E fico contente pelo facto de que consigas manter uma relação com o teu Deus e comunidade, mesmo sabendo que a maior parte não te aceita. You go boy!
Para terminar o post que já está longo e confuso demais vou só responder à última questão que mais me fazem. "Como é que a tua família reagiu?". O dia 25 de fevereiro de 2016, vai ser aquele que nunca mais vou esquecer. 2 semanas antes de sair do armário para a minha mãe, escrevi uma carta onde disse o que era. Tive o apoio de todas as minhas amigas, principalmente da Sara e Ana. Guardei a carta num local seguro de forma a que ela não fosse parar às mãos de alguém antes de eu me sentir totalmente preparado. No dia 24 mandei uma mensagem à Ana a dizer que ia fazê-lo no dia seguinte. Quando acordei, depois de uma noite quase sem dormir, fiz a minha rotina normalmente, mas desta vez com o coração aos saltos. Deixei a carta na carteira da minha mãe antes de sair para a escola e ela para o trabalho. Foi o dia mais longo da minha vida e fiz de tudo para ficar fora de casa o maior período de tempo. A minha mãe, quase como toda a minha família, é religiosa, por isso tinha medo da sua reação.
Eram 19h. Eu estava sentado na minha secretária a fazer de conta que estava tudo bem comigo, quando a minha mãe chega a casa e um monte de lágrimas caí pela minha cara abaixo depois de ouvir o que ela tinha para me dizer. Fechei-me no quarto durante horas até me conseguir acalmar. A primeira semana depois do sucedido, foi a pior da minha vida. Mal falávamos e o pior era que todos os fins de semana íamos visitar a minha avó, ou seja, a thought de que ela poderia contar-lhes atormentou-me durante muito tempo... Felizmente e avançando muito na história as coisas ficaram bem e hoje a minha relação com a minha mãe está cada vez melhor and stronger. Eu não sou a única pessoa com uma história destas e, de todo, não sou o pior. Existem adolescentes que se matam ou são mortos, que são expulsos de casa e espancados... Isso mostra o trabalho que ainda tem de ser feito no mundo. Uma coisa que queria dizer e que é muito importante é que se te custou a ti. Se te custou aceitar quem és e precisaste de tempo para perceber e absorver tudo, a tua família, os teus pais, os teus amigos, etc vão precisar de tempo também... Eles têm uma vida idealizada para ti, por isso é normal que fiquem desiludidos... (é mau, mas acontece. por isso dá-lhes tempo).
Antes de ir só quero dizer que não és obrigado a sair do armário. Tu fazes o queres e quando queres. Cada um tem a sua experiência e ela deve ser respeitada. Cada um de nós deve ser respeitado por ser o que é. Caso queiras falar comigo sobre o assunto podes contactar-me através do twitter ou instagram: @pedro_terrantes ou então nos comentários.
Love you all and kisses to all my readers in Brasil,
Pedro Terrantez
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